domingo, 14 de dezembro de 2008

É viola, mermão!

Na minha época de guri a gente brigava muito entre amigos. Dizem que é a melhor escola pra aprender a sair na mão com alguém. Geralmente quando dois neguinho se estranhavam, outro mais velho colocava a mão na frente dos dois e dizia:

- Quem cuspir aqui, primeiro, ganha (e tirava a mão na hora das cusparadas).

Aí era um "Deus nos acuda". Quando os dois já estavam pra se matar, alguém separava. Depois era a resenha pra saber quem ganhou.

Mas hoje em dia a coisa tá braba. Rolou o primeiro tapa e a gente já ouve também o primeiro tiro. Creimdeuspai.

Por isso é bom tá ligado nos primeiros sinais de porrada quando você estiver em Salvador. Se não souber jogar uma boa capoeira ou não tiver gás pra abrir no primeiro pipoco de bala, se pique.

O primeiro sinal é quando você ouvir um cara retado falar pro outro:

- Colé de merma, mermão?

Aí vale uma reflexão. Como é que os caras chegaram a essa expressão indecifrável? Vamos desconstruir?

"Colé" = Qual é (abreviado e distorcido, pra dar um ar de tensão e brabeza)
"de merma" - (começou com meu irmão... tipo "Qual é a sua mesmo, meu irmão?"... Aí "mermão" e "mesma" virou "merma" e você já sabe no que deu)
E o outro "mermão" no final é só pra ressaltar

Aí, mermão, pode ter certeza que o pau vai comer. Se você não estiver na hora da porrada, vai saber que rolou "viola" quando chegar alguém e disser que "rolou o maior pau" no outro lado da rua.

E como na Bahia todo samba de roda com uma viola fica mais gostoso, o adicional "viola" significa que a briga foi das boas. Daquelas com direito a voadora estilo Chuck Norris, garrafada e cadeirada. "Rolou o maior pau viola no bar, véi!".

Outro bom sinal de que o pau vai comer (lá ele) é o "vai inchar", que pode vir acompanhado do famoso porra. Aí dá pra sacar né? O que acontece quando alguma coisa incha demais? Geralmente EXPLODE. "A porra vai inchar, véi... Bora sair daqui"... Pode ter certeza que em segundos a porrada vai ser generalizada.

Por fim, seguindo a lógica da porra inchada, vem o "barril" (de pólvora, claro!!). Todo barril de pólvora tem que explodir, senão não tem graça. E aí, brother, quando seu amigo disser que "é barril" aquele bar estranho que você viu, já bêbo, e tá afim de tomar a saideira, se saia. Se saia. É bem provável que ao primeiro gole de cerveja você tome um "pedala Robinho" só porque o maluco da mesa ao lado não foi com sua cara.

Se ligue, mermão! Senão o negócio pega pro seu lado, tá ligado?

[Em tempo... agradeço aos parabéns da Autora. Após certa idade a gente para de comemorar, mas tudo bem, heheh. Thanks!]

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Aniversário? Aêêêêêêêêê!!

Hoje nosso querido Autor completa mais um ano de vida!!! Quantos??? Melhor não entregar, né?! Pode pegar mal, e ele acabar "se queimando"! Hehehehe...

Bom, em homenagem à data, fui fazer minha pesquisa cultural-regional e descobri que apenas na Bahia é que se canta aquele trecho do Parabéns "que Deus lhe dê...", sabia?! Pois é, claro que lá tinha que ser diferente! Deve ser fruto da religiosidade marcante do baiano, que dá um jeitinho de colocar Deus em qualquer coisa!

E por falar em religião, na próxima segunda é feriado em Salvador, dia de Nossa Senhora da Conceição. Lá vem lavagem da igreja, "come água" na Cidade Baixa... Que época excelente para fazer aniversário, né, rapaz? E hoje ainda tem último capítulo da série "Ó Pái Ó"!!

Desejo ao nosso querido Autor que aproveite bastante essa sexta-feira, que curta demais esse feriadão e que faça da jaca a sua pantufa!!

Um beijo grande, Parceiro (tem gíria mais carioca que essa?!)!!! Felicidades pra você!!!

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Já fuuuuuuui!

Hoje eu passei o dia respondendo às pessoas com frases esquisitas, tipo essa aí do título. Ninguém entende nada, claro. Aí eu resolvi explicar de onde surgem essas frases e, vejam só que "coincidência", saem todas da música baiana! Por que será?

O "já fui, banda mel" é o mais engraçado. A extinta Banda Mel, sucesso quando eu era guria e quando Luiz Caldas e Sarajane estavam no auge, gravou uma música chamada "E lá vou eu!". Bacaninha a música, uma letra interessante, de protesto, coisa e tal. No final dela, depois de repetir mil vezes "e lá vou eeeeeeeeeu" o carinha que cantava (era 1 homem e 2 mulheres) larga um sonoro "já fui!!!!". Pronto, inverteram a coisa toda, e surgiu o famoso "já fui, banda mel!"!

No mesmo caminho, surgiram outras expressões. Cansei de ver alguém tentando ajudar um amigo a se conformar com as coisas e dizendo "A vida é assim... o Terrasamba é assim, swing swing pra você e pra mim!". Essa vai na carona de uma música do Terrasamba, aquela banda de pagode que tinha um vocalista baixinho e troncudinho!

Outra coisa que virou lugar-comum é alguém perguntar "E aí?!" e ouvir de resposta um sonoro "chupa tooooooooda!". Na moral, ouve porque quer, né?! A resposta é automática! "Segure seu tchan" também se usa e é herança da música que lançou Carla Perez no mundo (onde ela não existia! hahahaha!) e todo mundo fala isso quando as moças estão meio abafadinhas!!! É uma boa recomendação!!!

Recentemente, claro, tem o "não me conte seus problemas", que já era usado há 10 anos atrás, quando eu ainda estudava na UNEB, mas ganhou reforço depois que Ivete gravou - porque tudo que Ivete inventa, agora vira moda! Tsc tsc! Também tem o "não me chame não, viu?! não me chame não que eu vou", o grande "sucesso" dos Kamaradas, que meus ex-estagiários falam cantando, do jeitinho que tá na música, e a frase filosófica "cada cabeça, cada um... cada um, cada seu mundo" que eu prefiro nem conhecer a autoria!

Rapaz, tá explicado porque a música baiana faz tanto sucesso dentro do Estado! Ela ajuda a elaborar e a enfatiotar o dialeto!! Como ninguém percebeu isso antes?

Enfim, tem mais um monte de frases de músicas sendo utilizadas por aí. Mas tá tarde, quero ir pra casa comer, ver novela e procurar clipes baianos no You Tube, pra matar a minha saudade... Ó, já fui, banda mel!!!!!!!!