Nada me incomodava mais do que assistir ou ouvir a entrevistas de meus conterrâneos no rádio ou na TV. A incrível mania de todo soteropolitano responder a todas as perguntas dos repórteres com um sonoro "com certeeeeza!" me fazia arrancar os cabelos.
Claro que os repórteres daqui já davam sua contribuição para a merda, indo de encontro às boas regrinhas do jornalismo ao fazerem perguntas daquelas que exigem como resposta um "sim" ou "não". Aí era uma beleza para o(a) abestalhado(a) largar o famoso "com certeeeezaaa!". Argh! Como aquilo me dava raiva...
Mas a vida é uma caixinha de surpresas. O mundo dá voltas. Quem com ferro fere, com ferro será ferido. Ah, sim: casa de ferreiro, espeto de pau.
Certo dia ensolarado, a pessoa que vos escreve estas mal traçadas linhas estava a comprar ingressos para um jogo de futebol. Tinha ido ao local que vendia os bilhetes junto com um amigo que, por sinal, já tinha ouvido muito as minhas críticas sobre o tal "com certeeezaa".
Foi quando me virei, após receber os dois ingressos das mãos do vendedor, e me deparei com um repórter da TV Bahia - não me lembro qual deles. Bom... mantendo a qualidade das perguntas de seus colegas de trabalho, o maldito me soltou a peteca: "Seu time vai ganhar hoje?".
- COM CERTEEEZAAA! Duuhhhhh (esse "duuuhh" é igual àquele grunido que o Homer Simpson solta quando fala uma merda).
Putaqueopariu! Maldito repórter de merda! Eu disse "com certeeezaa"!!! Em frente às câmeras! Ahhhhhhh
Pois é... TODO abestalhado de Salvador (assim como eu), quando entrevistado por um repórter imbecil de Salvador, seja na TV ou no rádio, responde "com certeeeza".
Meu colega me abusou (encheu meu saco) até chegarmos ao nosso prédio (local onde se mora, geralmente um edifício de uso residencial).
Nunca mais falei mal de ninguém ao assistir ou ouvir entrevistas de meus queridos conterrâneos. Como acabei me tornando jornalista mais tarde, nem cogito fazer perguntas do tipo que exigem como resposta um "com certeeeza" ou "não". Duuuuhhhhh!!
domingo, 9 de novembro de 2008
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Um comentário:
pió é em Portugal: eles falam e escrevem concerteza, tudo junto, uma palavra só; é boca de zeronove
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